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segunda-feira, 29 de maio de 2023

CASAMENTO COM OS MORTOS, UMA ESTRANHA TRADIÇÃO

 


O casamento é considerado como um momento especial, de união entre duas pessoas, que desejam compartilhar uma vida juntas. É algo idealizado, sonhado, romantizado, especialmente pelas noivas, que desejam entrar em uma igreja com um lindo vestido e depois celebrar com uma linda festa junto a amigos e familiares. Imagina se esse momento fosse um acontecimento entre uma pessoa viva e outra morta? Faria sentido? Para algumas culturas e para algumas pessoas sim faz. Vamos conhecer a origem e significado desse costume tão estranho de se casar com mortos....


Casamento póstumo, ou necrogamia, no qual um dos participantes já está morto. É uma forma legal de casamento na França e há modalidades culturalmente praticadas dele na China e no Sudão. Desde a Primeira Guerra Mundial, a França tem centenas de requisições anuais, das mais muitas têm sido aceitas.

AS ORIGENS

Durante a primeira Guerra Mundial, na França, algumas mulheres começaram a se casar por procuração com soldados que tinham morrido em campo de batalha semanas antes. Para civis, a prática destacou-se na década de 1950, quando uma barragem rompeu e matou 400 pessoas em Fréjus: uma das vítimas chamava-se André Capra, estava noivo de Iréne Jodart. Jodart requereu ao Presidente da França, Charles de Gaulle, deixá-la prosseguir em seu casamento mesmo após a morte de seu noivo. Ela recebeu apoio da mídia e em alguns meses recebeu autorização para casar-se. É possível que tenha sido autorizado com base numa interpretação extensiva do instituto jurídico do casamento por procuração.

A LEGISLAÇÃO FRANCESA

Dentro de meses após a tragédia em Fréjus, o Parlamento promulgou uma lei permitindo o casamento póstumo. Desde então, centenas de mulheres fizeram solicitações nesse sentido. O casamento póstumo tornou-se legal com base no artigo 171 do Código Civil, que declara: "O Presidente da República pode, por razões graves, autorizar a celebração do casamento se um dos futuros nubentes faleceu após a realização das formalidades oficiais considerando-se o consentimento inequívoco. Neste caso, os efeitos do casamento retroagem à data do dia anterior à morte do esposo. Entretanto, este casamento não confere qualquer direito à sucessão do esposo sobrevivente e não se considera que tenha existido propriedade matrimonial alguma entre os esposos."

AS REGRAS PARA O CASAMENTO

Qualquer pessoa na França que deseje realizar um casamento póstumo precisa antes de tudo fazer um requerimento ao Presidente, que o repassa ao Ministro da Justiça, que o repassa ao Promotor de Justiça da localidade onde vivia o falecido. Se o casal originalmente já planejava se casar e a família do falecido já havia aprovado a união, o promotor remete o requerimento de volta ao Presidente. As formas pelas quais se comprova legalmente o ânimo de casar-se é a realização de proclamas ou, no caso de militares, a permissão escrita do superior hierárquico. Os requerimentos também incluem por exemplo, o nascimento de um filho, e a certidão de óbito do noivo. A gravidez por si só ou uma carta de promessa de casamento não são evidências aceitas pois no caso das cartas, estas têm reputação de ilegitimidade. O casamento póstumo pode deixar de acontecer com base em manifestação testemunhal contrária. 

O DIA DA CERIMÔNIA

No casamento póstumo francês, a mulher frequentemente se posta ao lado de um retrato de seu noivo falecido durante a realização da cerimônia. O prefeito, condutor da cerimônia, lê o decreto presidencial no lugar dos votos de casamento do falecido.

AS MOTIVAÇÕES 

A motivação primária para o casamento póstumo na França é legitimar os filhos que a mulher venha a ter, assim como por razões emocionais. Muitas das pessoas que se casam desta forma preferem manter sigilo sobre o fato.

AS CONSEQUÊNCIAS DO ATO

Após um casamento póstumo, o nubente vivo torna-se viúvo ou viúva, trazendo esta pessoa para família do falecido, o que pode criar uma aliança ou trazer satisfação moral. Esta pessoa também torna-se sujeita aos mesmos impedimentos que um casamento normal produz.


CASAMENTOS REALIZADOS


FRANÇA 

Magali Jaskiewicz e Jonathan George já moravam juntos havia seis anos e já tinham duas filhas. O rapaz acabou falecendo num acidente de carro em novembro de 2008. Eles chegaram a dar entrada nos papéis do casamento antes dele morrer. Magali Jaskiewicz então fez uso do artigo do código civil francês que permite o casamento com uma pessoa falecida desde que o casal já tivesse dado início ao processo formal para concretizar a união.

Um segundo exemplo é de Étienne Cardiles, ela casou-se com seu parceiro, o membro da Polícia Nacional capitão Xavier Jugelé, em 30 de maio de 2017, mais de cinco semanas após este ter morrido num ataque terrorista no Champs Élysées.

ESTADOS UNIDOS

Em 2009 foi realizado um casamento póstumo em Batavia, Illinois em memória de Annie Hopkins, que morrera de atrofia muscular espinhal. Annie Hopkins disse que queria uma celebração de casamento em vez de um funeral. A celebração de casamento foi aberta ao público e levantou fundos para o Annie Hopkins Foundation Scholarship Fund, que recebeu seu nome. Como não havia noivo neste casamento, este pode ser melhor classificado como funeral com temática de casamento do que um casamento póstumo. 

Em 10 de março de 1987, um homem de Miami chamado Isaac Woginiak morreu de ataque cardíaco, sem ter se casado com sua noiva. Duas semanas depois, o juiz George Orr determinou ao tabelião do registro civil que assinasse a licença de casamento em nome de Woginiak.

COREIA DO SUL

Em dezembro de 1983, Heung Jin Moon, o segundo filho de Sun Myung Moon e Hak Ja Han, os líderes da Igreja da Unificação, envolveu-se num acidente de trânsito em Nova York e faleceu em 2 de janeiro de 1984. A morte de Heung Jin Moon aconteceu quando este já estava de casamento marcado com a bailarina Julia Pak, filha do intérprete de Sun Myung Moon, Bo Hi Pak. De acordo com a doutrina dessa igreja, apenas casais na vigência do casamento podem adentar o nível mais alto do paraíso. Os pais de Moon conduziram então uma cerimônia de casamento póstumo em 20 de fevereiro de 1984.

Em 1982, a noiva de Duk Koo Kim, um boxeador coreano que morrera em função de ferimentos, participou de um casamento póstumo enquanto se realizava o funeral para Kim na academia por este frequentada. A noiva de Kim, Lee Yon-mi, estava grávida de três meses com o primeiro filho de Kim. À época, Lee disse à imprensa coreana que permaneceria celibatária até o fim da vida e que se dedicaria a criar o filho. Na Coreia existia o costume de casar-se a alma do noivo falecido antes de um casamento já planejado. O nubente vivo permaneceria celibatário pelo restante da vida, mas a tradição não impunha restrição legal nesse sentido.



TAILÂNDIA

O produtor de TV Chadil Deffy casou-se com Ann Kamsuk durante o próprio funeral da noiva. O casal havia se conhecido na faculdade e namorou por dez anos, mas Chadil sempre adiava o casamento por conta dos estudos e da agenda atribulada. Porém, Ann, de 29 anos, acabou falecendo num acidente de carro. Chadil postou imagens do casamento-fúnebre no Facebook e ainda escreveu: "Nosso ato pode parecer o de um grande amor. Mas, para nós, é um erro não podermos voltar no tempo para corrigir tudo. Lembrem-se, a vida é curta. Façam o que têm vontade e cuidem bem das pessoas que amam, sejam seus pais ou irmãos. Vocês nunca terão essa chance de novo".


CHINA

Na China há uma tradição rara, chamada de "casamento fantasma", também conhecida como minghun ou casamento espiritual. Nessa forma de casamento, quando o noivo de uma mulher morre, de forma que esta participe no casamento fantasma, ela teria de participar do funeral desse homem, com padrões rigorosos de luto, fazer voto de celibato, e imediatamente ir residir com a família de seu noivo. Não há tais requerimentos para que um homem faça isso, nem isto foi registrado. Na cultura chinesa, é vergonhoso ser pai ou mãe de uma filha não casada e frequentemente a sociedade rejeita mulheres não casadas. Da parte dos homens, os casamentos fantasmas frequentemente eram realizados em prol da descendência. Adicionalmente, o casamento fantasma para os homens garantem a continuidade da linhagem familiar. A viúva pode adotar um filho que continuará a linhagem da família de seu marido. Outras razões para a realização dos casamentos fantasmas são os eventuais desejos dos espíritos desses homens em se casar. A tradição chinesa também diz que os irmãos mais novos não devem se casar antes de seus irmãos mais velhos, o que ocasionalmente também motiva a realização de um casamento fantasma para seguir a tradição.

Às vezes a família de uma pessoa falecida usará um sacerdote como casamenteiro. Em outras vezes, deixarão um envelope vermelho com presentes, crendo assim que a esposa da pessoa falecida revelar-se-á ela própria. Esses casamentos fantasmas tinham coisas em comum tanto com os casamentos, quanto com os funerais. As famílias dos participantes trocam presentes de vários tamanhos, que podem incluir bolos, vestidos e dinheiro. Para a representação dos falecidos, são utilizadas efígies feitas de bambu. Tais efígies são vestidas com os que as pessoas vestiriam em casamentos e após a realização das cerimônias são queimadas. Os ritos do casamento são realizados da mesma forma que os casamentos regulares.


Um exemplo de casamento foi o chinês Xu Chinan de 35 anos que se casou com o cadáver de sua noiva, em Dalian, no leste da China, durante o funeral dela. O objetivo era atender ao último desejo de Yang Liu, com quem namorava há mais de 12 anos. A mulher faleceu aos 34 anos, depois de lutar por mais de cinco anos contra o câncer de mama. O casal se conheceu quando faziam faculdade juntos e começaram a conversar pela internet, quando se apaixonaram em agosto de 2007 e ficaram noivos seis anos depois. Mas o sonho foi interrompido tragicamente três meses depois quando Yang foi diagnosticada com câncer de mama.




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REFERÊNCIAS

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/na-china-homem-casa-com-o-cadaver-de-sua-namorada.phtml

http://blogaventuraliteraria.blogspot.com/2016/10/casamento-com-pessoas-mortas.html

https://extra.globo.com/noticias/bizarro/um-casamento-um-funeral-tailandes-se-casa-com-noiva-morta-3699398.html

http://www.sitedecuriosidades.com/curiosidade/qual-lugar-no-mundo-e-permitido-casar-com-mortos.html

https://super.abril.com.br/blog/contando-ninguem-acredita/casamento-entre-pessoas-mortas-e-tradicao-na-china/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Casamento_p%C3%B3stumo


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