CARL TANZLER E O ESTRANHO CASO DA NOIVA CADÁVER

Vocês já ouviram falar de uma história de amor que foi muito além da vida? Não estou falando dessas histórias românticas que envolve reencarnação, não! Estou falando de um homem que não satisfeito com a morte de sua amada, fez de tudo para mantê-la bem próxima, mesmo que isso significasse conviver com o seu cadáver. Estamos falando de Carl Tanzler, um influente microbiologista e bacteriologista alemão...

Georg Karl Tänzler nasceu em 8 de fevereiro de 1877 em Dresden, na Alemanha. Ainda durante sua infância afirmava ter tido visões de uma condessa Anna Constantia von Cosel, que revelou o rosto de seu verdadeiro amor, uma mulher exótica de cabelos escuros. O tempo passou, em 1920, ele conhece e se casa com Doris Anna Shafer (1889-1977) com quem teve Ayesha Tanzler e Crystal Tanzler (1924-1934). De março e abril de 1939, ele permanece na Austrália, e após a Primeira Guerra Mundial retorna à Alemanha. Em 1926, ele imigra para os Estados unidos, navegando de Roterdã em 6 de fevereiro de 1926 para Havana, Cuba. De Cuba, ele se instala em Zephyrhills, na Flórida, onde a sua irmã já havia emigrado e, depois, foi acompanhado por sua esposa e suas duas filhas. Deixando sua família para trás em Zephyrhills em 1927, ele vai trabalhar como tecnólogo em radiologia no Hospital da Marinha dos EUA em Key West, Flórida.

Em 22 de abril de 1930, enquanto trabalhava no Hospital Marítimo de Key West, Tanzler conheceu Maria Elena Milagro de Hoyos (1909-1931), uma mulher de origem cubano-americana que havia sido levada ao hospital por sua mãe para realizar um exame. Tanzler logo a reconhece como sendo a bela mulher de cabelos escuros que lhe tinha sido revelada em suas "visões". Elena era filha de um fabricante de charutos local Francisco "Pancho" Hoyos e de Aurora Milagro. Ela tinha duas irmãs, Florinda "Nana" e Celia. Em 18 de fevereiro de 1926, Hoyos havia se casado com Luis Mesa. Luis teria deixado sua esposa pouco depois dela ter abortado o filho do casal, mudando-se para Miami.

Maria Elena foi diagnosticada com tuberculose, uma doença fatal na época. Tanzler, tentou de tudo para tratá-la com uma variedade de medicamentos e equipamentos. Enquanto isso, Tanzler enchia Maria Elena de presentes, como joias e roupas, e finalmente declarou seu amor por ela, mas não há nenhuma evidência que seus sentimentos foram recíprocos. Ou que tivesse havido tempo para acontecer o romance. Apesar de todos os esforços de Tanzler, Maria Elena morre de tuberculose em 25 de outubro de 1931.

Tanzler fez questão de pagar o funeral e, com a permissão de sua família, encomendou a construção de um mausoléu no Cemitério de Key West, o qual ele visitava quase todas as noites. Uma noite, em abril de 1933, Tanzler decidiu tirar o corpo do mausoléu e levá-lo para sua casa. Ele dizia que o espírito da jovem vinha até ele quando ele se sentava ao lado de seu túmulo e pedia que cantasse uma de suas músicas favoritas em espanhol. Ele também afirmou que ela teria pedido para que ele a tirasse do túmulo.

Tanzler colocou os ossos do cadáver prendendo junto cabides junto com fios e cobrindo com casacos, refez o rosto com com olhos de vidro. À medida que a pele do cadáver ira se decompondo, Tanzler substituía com um pano de seda embebido em cera e emplastros. À medida que o cabelo caia do couro cabeludo o cobria com uma peruca feita com seus próprios cabelos. Tanzler encheu a cavidade abdominal e torácica do cadáver com trapos para manter a forma original da mulher, vestiu os restos de Hoyos com meias, joias e luvas, e manteve o corpo na cama. Tanzler também usou quantidades abundantes de perfumes, desinfetantes e agentes de conservação para mascarar o odor e prevenir os efeitos da decomposição do cadáver.

Em outubro de 1940, a irmã de Maria Elena, Florinda teria ouvido rumores de que Tanzler estaria dormindo com o corpo desenterrado de sua irmã, e confrontou-o. Foi então que o corpo foi finalmente descoberto. Florinda notificou as autoridades e ele foi preso. Tanzler passou por exames psiquiátricos e foi considerado mentalmente apto para ser julgado sob a acusação de "destruir de forma cruel e maliciosa uma sepultura e remover um corpo sem autorização". Após uma audiência preliminar em 9 de outubro de 1940 no Tribunal do Condado de Monroe em Key West, Tanzler foi obrigado a responder a acusação, mas o caso foi finalmente arquivado e ele foi liberado, já que o crime havia prescrito.

Pouco depois da descoberta do cadáver pelas autoridades, o corpo de Hoyos foi examinado por médicos e patologistas e colocado em exibição pública na Casa Funerária Dean-Lopez, onde foi visto por até 6.800 pessoas. O corpo de de Maria Elena foi finalmente devolvido ao Cemitério de Key West, onde os restos foram enterrados em uma sepultura sem marcações, em um local secreto, para evitar novas adulterações. A história despertou muito interesse da mídia. Algumas pessoas chegaram até a simpatizar com Tanzler e o consideravam um "romântico" excêntrico.

Em 1944, Tanzler mudou-se para o Condado de Pasco, na Flórida, para estar mais perto de Zephyrhills e de sua família, onde escreveu uma autobiografia que apareceu na publicação Pulp, Fantastic Adventures, em 1947. Doris, sua esposa, procurou ajudar e apoiar Tanzler em seu anos posteriores. Tanzler recebeu a cidadania dos Estados Unidos em 1950 em Tampa.

Separado de sua obsessão, Tanzler usou uma máscara mortuária para criar uma efígie de tamanho real de Maria Elena e morou com ela até sua morte, em 3 de julho de 1952. Seu corpo foi descoberto no chão de sua casa três semanas após sua morte. Conta a lenda que ele estava nos braços da efígie, e alguns até extrapolam a dizer que ele recuperou o corpo da moça, mas a versão oficial do obituário diz que ele estava no chão. De uma forma ou de outra, a obsessão de Carl Tanzler chegado ao fim.