Vamos falar sobre a trajetória de vida de uma atriz que sobreviveu ao naufrágio do Titanic e curiosamente pouco tempo depois participou também daquele que viria a ser o primeiro filme produzido sobre a tragédia. É o caso de DOROTHY GIBSON
Dorothy Winifred Brown nasceu em 17 de maio de 1889, em Hoboken, Nova Jersey nos Estados Unidos. Filha de John A. Brown e Pauline Boesen. Seu pai faleceu quando ela tinha três anos de idade, em 1892, e sua mãe voltou a se casar, com John Leonard Gibson, que a adotou legalmente. Em 1906, ela decidiu iniciar sua carreira como dançarina e cantora, passando a trabalhar em alguma produções de teatro e vaudeville, e chegando a participar de um importante musical da Broadway The Dairymaids, de Charles Frohman, em 1907. Ela também foi membro regular do coro em shows produzidos pelos “Shubert Brothers”, no Hippodrome Theatre, em Nova Iorque.
Em 1909, Gibson começou a posar para o artista de comerciais Harrison Fisher, tornando-se uma de suas modelos favoritas. Sua imagem apareceu em cartazes, postais, produtos de merchandising e ilustrações de livros nos três anos seguintes, além de sair em capas de revistas tais como Cosmopolitan, Ladies Home Journal e Saturday Evening Post. Gibson foi divulgada durante todo esse tempo como "The Original Harrison Fisher Girl".
Em 1910, ela se casa com George Battier, Jr. Em 1911, ela começa um romance com um homem casado, Jules Brulatour, um magnata do cinema, chefe de distribuição da Eastman Kodak e co-fundador da Universal Pictures. Brulatour também foi assessor e produtor da Éclair Studios, e apoiou vários dos filmes. Dorothy estreou nas telas em A Show Girl's Stratagem (1911). Dorothy fez sucesso nas comédias Miss Masquerader (1911) e Love Finds a Way (1912), e foi promovida a primeira estrela no drama histórico Hands Across the Sea (1911).
A Eclair havia fundando um estúdio em Paris, para baratear os custos de produção, e Dorothy foi enviada à França para rodar alguns filmes por lá. Em abril de de 1912, depois de 6 semanas de férias com sua mãe na Itália, ela precisou voltar aos Estados Unidos para fazer uma nova série de fotos para o estúdio Eclair em Fort Lee. Ela embarcou no Tanic como passageira da primeira classe. Na noite da colisão com o iceberg, ela jogava bridge com as mulheres no salão. Com dois de suas parceiras de jogo, escapou no primeiro barco salva-vidas, o número 7. Depois de chegar em Nova York a bordo do navio de resgate “Carpathia”, Gibson foi convencida por seu empresário a aparecer em um filme baseado no naufrágio. A Eclair produziu Saved From the Titanic (1912), tendo Dorothy como estrela. Este foi o primeiro filme feito sobre o naufrágio, lançado apenas 29 dias depois do acidente. O filme fez um grande sucesso, e promoveu a carreira da atriz, que vestiu a camisola que usava no dia em que o navio naufragou como figurino. Infelizmente, as cópias do filme foram odas queimadas em um incêndio em 1914, no Éclair Studios.
Em 1912, participou do filme Roses and Thorns (1912), estrelado também por Jules Brulatour. No ano seguinte, Brulatour atropelou e matou um homem, e durante o julgamento veio a público seu relacionamento com a atriz. Brulatour foi inocentando, mas o escândalo destruiu a carreira de Dorothy, que era uma das atrizes mais bem pagas da época. Para escapar da má fama, principalmente após ser processada pela ex-esposa de Brulatour, ela mudou-se para Paris com ele, onde vieram a se casar, embora tenham se divorciado dois anos depois.
Dorothy então mudou-se para à Itália. Durante a Segunda Guerra Mundial ela voltou aos holofotes, como simpatizante do nazismo. Em 1944 ela foi presa em Milão por membros da resistência, mas fugiu da cadeia junto com o jornalista Indro Montanelli e o General Bartolo Zambon, com a ajuda de um Cardeal. A história foi contada no filme De Crápula a Herói (Il generale Della Rovere, 1959), de Roberto Rossellini.
Dorothy passou a residir na França, onde morreu vítima de um ataque cardíaco em um quarto do famoso Hotel Ritz em Paris, no dia 17 de fevereiro de 1946, aos 57 anos de idade. Todas as cópias de Saved From Titanic, o seu filme mais famoso, foram destruídas em um incêndio nos Estúdios Eclair em 1914. Dos 25 filmes em que a atriz atuou, apenas The Lucky Holdup (1912) sobreviveu ao tempo. Resgatado pelos colecionadores David e Margo Navone em 2001, foi preservado pelo American Film Institute e agora está arquivado na Biblioteca do Congresso.
1911 The Angel of the Slums
1911 Hands Across the Sea in '76
1911 Miss Masquerader
1911 The Musician's Daughter
1912 The Kodak Contest
1912 It Pays to Be Kind
1912 A Living Memory
1912 Brooms and Dustpans
1912 The White Aprons
1912 A Lucky Holdup
1912 The Easter Bonnet
1912 Revenge of the Silk Masks
1912 Saved from the Titanic
1912 Roses and Thorns
HOMENAGENS
O personagem de Susan Alexander, no filme de Orson Welles “Cidadão Kane” (1941) pode ter sido parcialmente baseado em Dorothy Gibson, junto com outras figuras da vida real, Marion Davies, Hope Hampton, e Ganna Walska. Ela também foi a inspiração para um personagem na novela de seu amigo Indro Montanelli, “General della Rovere”, que foi transformada em um premiado filme do diretor Roberto Rossellini, em 1959.
Os autores Don Lynch e John P. Eaton foram os primeiros historiadores contemporâneos a redescobrir Dorothy Gibson, a escrever e fazer palestras sobre ela na década de 1980. O primeiro estudo em profundidade da vida misteriosa de Dorothy foi realizado por Phillip Gowan e Brian Meister e publicado no jornal da Sociedade Britânica de Titanic em 2002. Em 2005, a biografia do primeiro longa-metragem de Dorothy Gibson, por Randy Bryan Bigham, foi liberado.
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REFERÊNCIAS
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/vitrine/dorothy-gibson-de-sobrevivente-do-titanic-uma-das-maiores-estrelas-do-cinema-mudo.phtml
https://www.memoriascinematograficas.com.br/2019/04/dorothy-gibson-atriz-que-sobreviveu-no.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dorothy_Gibson
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