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segunda-feira, 20 de junho de 2022

CHIQUINHA GONZAGA, UMA VIDA DEDICADA À MÚSICA

 

Vamos falar de uma mulher que dedicou sua vida à música e lutava por seus ideias. Sua história ficou registrada numa minissérie da Rede Globo, nas partituras e nas páginas dos livros. Estamos falando de alguém que marcou época, CHIQUINHA GONZAGA. 

Francisca Edviges Neves Gonzaga, mais conhecida como Chiquinha Gonzaga, nasceu em 17 de outubro de 1847 no Rio de Janeiro, foi uma compositora, instrumentista e maestrina brasileira. Era filha da união de José Basileu Gonzaga, marechal de campo do Exército Imperial Brasileiro e de Rosa Maria Neves de Lima, filha de escrava alforriada. Contrariando a família, José Basileu casou-se com Rosa Maria após o nascimento de Francisca.

Chiquinha cresceu e se educou num período de grandes transformações na cidade. Afilhada de Luís Alves de L. e Silva, Duque de Caxias, conviveu bastante com a rígida família paterna. Foi educada para ser dama de salão. Além de escrever, ler e fazer cálculos, estudar o catecismo, e outras prendas femininas, a jovem sinhazinha aprendeu a tocar piano. Fez seus estudos normais com o cônego Trindade, um professor de referência, e musicais no piano com o Maestro Elias Álvares Lobo. Aos 11 anos fez sua primeira composição, uma canção natalina Canção dos Pastores. Desde cedo já frequentava bailes, como também rodas de lundu, umbigada e outros ritmos oriundos da África.

 

Rosa Maria Neves de Lima (mãe) e José Basileu Gonzaga (pai)

Em 1863, aos 16 anos por imposição paterna, Chiquinha se casou com o empresário Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha Mercante, e logo engravidou. Mesmo assim, continuou dedicando atenção ao piano, para desespero do marido, que não gostava de música e encarava o instrumento como seu rival. Inquieta e determinada, não suportando a reclusão do navio onde o marido servia, e a proibição de que não se envolvesse com a música, Chiquinha, seis anos depois, abandona o matrimônio, escandalizando a sociedade da época. 

Com 18 anos de idade, já Sra. Francisca Edwiges Gonzaga do Amaral. O escândalo resultou em ação judicial de divórcio perpétuo movida pelo marido no Tribunal Eclesiástico, por abandono do lar e adultério. A família a expulsou de casa, proibindo-a de levar dois de seus três filhos, permitindo que mantivesse consigo somente o filho mais velho, João Gualberto. Chiquinha sofreu muito por ter sido separada de Maria do Patrocínio e Hilário, os quais não pôde criar. 

Após a separação, Chiquinha começou a lecionar piano e frequentava rodas de choro, acompanhada pelo flautista Joaquim Antônio da S. Callado. Na ocasião, conhece o engenheiro de estradas de ferro João Batista de Carvalho, com quem inicia um relacionamento e tem uma filha: Alice Maria. Vivem juntos muitos anos, mas Chiquinha não aceitava suas relações extraconjugais. Separando-se e, mais uma vez, perde uma filha, pois a guarda de Alice fica com o pai.


Então, volta a lecionar, retorna à boemia e bailes, e passa a viver como musicista independente com o grupo Choro Carioca, tocando piano em lojas de instrumentos musicais. Nesta época sofria preconceito por criar sozinha um filho. Passa a dedicar-se inteiramente à música, obtendo bastante reconhecimento pela composição de polcas, valsas, tangos e cançonetas.

Mais  à frente, envolveu-se com a política, militando em prol da abolição da escravidão e pelo fim da monarquia. Chamava a atenção nas rodas boêmias do Rio por ser independente e por fumar em público, algo que não era considerado de bom tom para mulheres.


O sucesso começou em 1877, com a polca 'Atraente', seguida das composições Sultana, de 1878, e Camila, de 1879. Nesta época, Chiquinha segue seus estudos musicais com Artur Napoleão. A partir da repercussão de sua primeira composição impressa, resolveu lançar-se no teatro de variedades e revista. Estreou compondo a trilha da opereta "A Corte na Roça", de 1885, com texto de Palhares Ribeiro, no Teatro Imperial, com a companhia portuguesa Souza Bastos. 

Em 1886, faz reuniões de violonistas em bairros cariocas para valorizar este instrumento, considerado pela burguesia como símbolo da malandragem. Assim compõe o choro Sabiá na Mata para o concerto de 100 violões, no então Teatro São Pedro. Em 1888, com A Filha do Guedes, rege pela primeira vez uma orquestra. Em 1899, compôs Ó Abre Alas, para embalar o desfile do cordão Rosa de Ouro, do bairro Andaraí no Rio de Janeiro. a primeira composição criada para o Carnaval, que definiu um novo estilo musical, a Marcha-Rancho, considerado o ritmo oficial do Carnaval. 

Em 1899, aos 52 anos, após décadas dedicadas à música,  já consagrada, conhece e apaixonasse por João Batista Fernandes Lage, um estudante de música de 16 anos. A diferença de idade era muito grande, e temendo o preconceito, Chiquinha escondeu o relacionamento adotando João Batista como filho. Assim, pôde viver o grande amor evitando escândalos e em respeito aos seus filhos, protegendo também sua brilhante carreira. Por conta disto, muda-se para Lisboa, em Portugal. Chiquinha viaja pela Europa entre 1902 e 1910, onde escreve músicas para diversos autores. 

Em 1911, estreia a reconhecida opereta Forrobodó, que chegou a 1500 apresentações seguidas; recordista deste gênero no Brasil. Em 1914, no palácio presidencial, o recital de lançamento do Corta Jaca, maxixe composto por Chiquinha, escandalizou a imprensa e a burguesia pois a própria primeira-dama do país acompanhou a maestrina no violão. Foram feitas críticas ao governo e retumbantes comentários sobre os "escândalos" no palácio, pela promoção e divulgação de músicas com origens em danças vulgares. O ato de levar para o Palácio do Governo a música popular brasileira foi considerado, na época, uma quebra de protocolo. 

Chiquinha participou da campanha abolicionista e da proclamação da república do Brasil. Também foi a fundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Ao todo, compôs músicas para 77 peças teatrais, tendo sido autora de cerca de duas mil composições em gêneros variados: valsas, polcas, tangos, lundus, maxixes, fados, quadrilhas, mazurcas, choros e serenatas. Chiquinha Gonzaga sofreu exploração abusiva de seu trabalho, o que fez com que tomasse a iniciativa de fundar, em 1917, a primeira sociedade protetora e arrecadadora de direitos autorais do país, a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat). 

Após certa resistência inicial, os filhos de Chiquinha aceitaram o romance da mãe com naturalidade. Fernandes Lage aprendeu muito com Chiquinha sobre a música e a vida. Eles retornaram ao Brasil camuflados, nunca assumiram de fato o romance, que foi descoberto após a sua morte através de cartas e fotos do casal. Em 1934, aos 87 anos, escreveu sua última composição, "Maria". Foi autora da música da opereta Juriti, de Viriato Corrêa. 

Chiquinha Gonzaga teve seu trabalho reconhecido em vida, sendo festejada pelo público e pela crítica. Dos compositores brasileiros, ela foi a que trabalhou com maior intensidade a transição entre a música estrangeira e a nacional. Com isso, abriu o caminho e ajudou a definir os rumos da música brasileira, que se consolidaria nas primeiras décadas do século XX. Atravessou a velhice ao lado de Joãozinho, a quem a posteridade agradece a preservação do acervo da compositora. Chiquinha Gonzaga faleceu no Rio de Janeiro, em 28 de fevereiro de 1935, aos 87 anos de idade. Foi sepultada no Cemitério de São Francisco de Paula, no Catumbi.


CINEMA, TV E TEATRO

Chiquinha Gonzaga já foi retratada como personagem no cinema, na televisão e no teatro. No cinema, foi interpretada por Bete Mendes, no filme "Brasília 18%" (2006), dirigido por Nelson Pereira dos Santos, e por Malu Galli, no filme O Xangô de Baker Sreet, baseado no livro homônimo de Jô Soares. 

No teatro, foi homenageada na peça Ô Abre Alas, escrita por Maria Adelaide Amaral sob encomenda do Teatro Popular do SESI de São Paulo e cuja montagem ocorreu em 1983, com direção de Osmar Rodrigues da Cruz, cenografia de Flávio Império e tendo a atriz Regina Braga no papel principal. A peça e a montagem de São Paulo arrebataram vários prêmios.

A segunda montagem da peça ocorreu em 1998 no Rio de Janeiro, em comemoração dos 150 anos de nascimento de Chiquinha Gonzaga, com encenação de Charles Möeller e direção musical de Claudio Botelho, tendo Rosamaria Murtinho no papel principal. Em São Paulo, essa segunda montagem, que retrata a vida da compositora dos 13 aos 87 anos, ficou em cartaz em 1999.

A compositora também foi homenageada no carnaval carioca, no ano de 1985, com o enredo Abram alas que eu quero passar pela escola de samba Mangueira, que obteve a sétima colocação. E em 1997, com enredo Eu Sou Da Lira, Não Posso Negar... pela Imperatriz Leopoldinense. A atriz Rosamaria Murtinho, que vivia a artista no teatro, representou-a no desfile, a escola obteve a sexta colocação.

A Medalha de reconhecimento Chiquinha Gonzaga, criada através do Projeto de Resolução 14/1999, é conferida a mulheres que militam em prol das causas democráticas, humanitárias, artísticas e culturais no âmbito da União, Estados e Municípios.


MINISSÉRIE BRASILEIRA

A vida de Chiquinha Gonzaga foi retratada na minissérie brasileira produzida pela Rede Globo e exibida de 12 de janeiro a 19 de março de 1999. Baseada em obra de Dalva Lazaroni de Moraes "Chiquinha Gonzaga. Sofri e Chorei. Tive Muito Amor", foi adaptada por Lauro César Muniz com a colaboração de Marcílio Moraes, dirigida por Jayme Monjardim, Luiz Armando Queiroz e Marcelo Travesso. Contou com Regina Duarte, Carlos Alberto Riccelli, Susana Vieira, Gabriela Duarte, Marcelo Novaes, Danielle Winits e Norton Nascimento nos papéis principais.

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REFERÊNCIAS

https://chiquinhagonzaga.com/wp/

https://www.ebiografia.com/chiquinha_gonzaga/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiquinha_Gonzaga

https://www.todamateria.com.br/chiquinha-gonzaga/

https://www1.folha.uol.com.br/webstories/cultura/2020/08/quem-foi-chiquinha-gonzaga/

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/do-casamento-forcado-a-primeira-marchinha-a-extraordinaria-vida-de-chiquinha-gonzaga.phtml

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