Vamos conhecer um caso que teve grande repercussão nos Estados Unidos e foi solucionado mais de 40 anos depois que o pequeno Etan Patz de apenas 6 anos ter sido dado como desaparecido enquanto se dirigia para a escola. O desaparecimento de Etan chocou o mundo todo e mudou a forma como as autoridades lidam com o desaparecimento de crianças...
Etan Kilil Patz nasceu em 9 de outubro de 1972, em Manhattan, NY, Estados Unidos. Filho de Julie e Stanley Patz, um fotógrafo profissional, teve mais dois irmãos Shira e Ari. Na manhã de sexta-feira de 25 de maio de 1979, Etan saiu de casa para pegar o ônibus escolar, sendo a primeira vez que o fez desacompanhado dos pais. Eles tinham a sensação que naquela região onde moravam estavam seguros. No entanto, ele nunca chegou até a parada de ônibus. Sua mãe, 8 horas depois ao perceber que ele não retornou, ligou para a escola e descobriu que o menino sequer tinha ido para as aulas nem tinha pego o ônibus escolar. De imediato ligou para a policia. Mesmo após uma uma longa busca envolvendo cerca de 100 policiais e vários cães farejadores, ele não foi encontrado.
Stanley e Julie criaram uma estratégia que ficou posteriormente muito conhecida: eles colaram um folheto de pessoa desaparecida com o rosto do filho na parte de trás de caixas de leite que iriam ser distribuídas por Nova York. Assim, garantiram que várias famílias nova-iorquinas conhecessem a aparência do menino, sendo capazes de identificá-lo caso o vissem; e então, informar os pais e as autoridades. Foi assim que toda a cidade norte-americana ficou sabendo do que havia acontecido, sendo envolvida em um esforço coletivo de busca.
Apesar da criatividade e empenho não só dos pais, mas também dos que simpatizavam com seu caso, todavia, Etan nunca mais foi encontrado, nem vivo, nem morto. Seu pai e sua mãe, no entanto, nunca perderam as esperanças. Inclusive, foi por isso que passaram as quatro décadas seguintes ainda morando no mesmo bairro onde viviam quando seu filho desapareceu, esperando por notícias dele. A perda do menino de seis anos acabou impulsionando o casal para trabalhar com casos de crianças desaparecidas, ajudando outras pessoas em situações semelhantes na busca por seus filhos.
SUSPEITO
Nenhuma informação ou pista foi localizada durante anos. Até que finalmente um suspeito foi identificado, José Antonio Ramos. Dois jovens, na cidade de Nova Iorque foram à policia e relataram que um homem estranho tentou atrai-los para um duto de drenagem de chuva. Lá, encontraram um morador de rua, aparentemente perturbado e por coincidência havia sido namorado de uma moça babá de Etan. No local, a policia localizou fotos de crianças, algumas com a mesma idade. O namoro havia terminado porque ela descobriu que ele havia molestado várias vezes seu filho.
Em 2001, Etan foi considerado legalmente morto. Em 2004, a família iniciou um processo civil de morte injusta contra José Ramos ao qual ganharam e deveriam receber 2 milhões de dólares, porém Ramos sequer tinha onde morar e mesmo assim não foi acusado criminalmente por falta de provas. Ramos foi condenado a 20 anos de prisão por ter molestado outras crianças, mas nunca se conseguiu provar que ele era culpado do desaparecimento de Etan Patz. Ele foi libertado da prisão em 7 de novembro de 2012.
Stanley e Julie Patz (pais de Etan)
REABERTURA DO CASO
Em 2012, trinta e três anos depois daquela manhã em que Etan desapareceu aparentemente sem deixar vestígios, um novo rastro submergiu em seu caso. A imprensa nova-iorquina acompanhou atentamente enquanto policiais quebravam o chão de um porão próximo ao ponto de ônibus onde o famoso rapto dos anos 80 teria ocorrido, na esperança de encontrar ao menos um corpo que sua família pudesse enterrar. Infelizmente, também não teve resultados.
Contra todas as expectativas, um homem ligou para o departamento de polícia após essas escavações, confessando ter assassinado a criança nos anos 80. Era Pedro Hernández, de 56 anos, morador do bairro de Maple Shade e sem nenhum antecedente criminal. Segundo a policia, Pedro disse que quando tinha 19 anos, trabalhava em uma loja de conveniência onde Etan foi comprar um refrigerante, Pedro teria levado para o porão e sufocado ele. Depois de morto, descartou o corpo em sacos de lixo algumas quadras de distância da loja. Ele não sabe porque cometeu o crime e o que o levou a isso. Ele nunca cometeu outro crime. Pedro foi diagnosticado com transtorno de personalidade e outro transtorno que cria ilusões em sua mente. Ele foi acusado de sequestro em primeiro grau e assassinato em segundo grau. Em 2015, ele solicitou um novo julgamento alegando ser inocente. Após 18 dias de deliberação e percebendo os transtornos mentais de Pedro, o júri não entrou em um acordo e um novo julgamento foi marcado.
Foi apenas no dia 14 de Fevereiro de 2017, depois de deliberar durante nove dias e após a anulação de um primeiro julgamento, que um júri considerou Hernandez culpado do sequestro e assassinato do menino. "É uma história que inspira cautela, um marco, uma perda da inocência. É Etan que vai simbolizar para sempre a perda desta inocência", disse Joan Illuzzi, a promotora adjunta de Manhattan após a condenação do suspeito. Hernandez foi sentenciado a um mínimo de 25 anos de prisão. Após a sentença, segundo a revista Exame, o pai de Etan teria dito: "A família Patz esperou por muito tempo, mas finalmente temos justiça em alguma medida”.
REPERCUSSÕES
Em 1983, o Presidente dos Estados Unidos na época, Ronald Reagan, considerou o dia 25 de maio o Dia Nacional Das Crianças Desaparecidas - Em homenagem a Etan Patz (National Missing Children's Day).
Em 1993, a banda norte-americana Soul Asylum se inspirou no desaparecimento de Etan para produzir o videoclipe de "Runaway Train", que levou para a televisão imagens e fotos de inúmeras crianças e adolescentes desaparecidos.
Em setembro de 2019, a imprensa noticiou que os pais de Etan, Julie e Stan Patz, estavam deixando Nova Iorque para morar no Havaí. Nesta época, 40 anos haviam passado desde a morte do menino e dois desde a condenação de Hernandez. "Agora a família tem uma chance de deixar os fantasmas do passado para trás" (original, em inglês: Now the family has a chance to leave behind the ghosts of their past.), escreveu o NY Post.
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REFERÊNCIAS
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/o-desaparecimento-de-etan-patz-caso-que-se-tornou-o-simbolo-das-criancas-desaparecidas-nos-eua.phtml
https://exame.com/mundo/38-anos-depois-chega-ao-fim-caso-de-crianca-desaparecida-nos-eua/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Etan_Patz
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