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terça-feira, 1 de junho de 2021

ANITA LEOCÁDIA, "MEMÓRIAS" DA FILHA DE OLGA E LUIS CARLOS PRESTES

 

Acredito que todos que conhecem a história de Olga e Carlos Prestes, de alguma forma desejam muito conhecer também sua filha Anita Leocádia. Com certeza, se emocionaram bastante ao assistir no cinema OLGA (2004) e ver a forma como Anita foi separada de sua mãe. No video de hoje, compartilho com vocês informações sobre sua trajetória de vida ....


Anita Leocádia Benário Prestes nasceu em 27 de novembro de 1936, em Berlim, em uma prisão feminina do Campo de Concentração de Barnimstrasse da Alemanha. Filha de Olga Benário Prestes e de Luís Carlos Prestes. Anita foi afastada da mãe com 14 meses de idade, quando terminou a fase de amamentação. Foi entregue à avó paterna, Leocádia Prestes, isso deu-se graças à intensa campanha de solidariedade mundial conhecida como Campanha Prestes, pela libertação dos presos políticos brasileiros após os Levantes de 1935. 

Leocádia (mãe) e Lygia (irmã de Prestes) travaram uma grande batalha para conseguir salvar Anita de um terrível destino de ir parar em um orfanato nazista onde as crianças se tornam "números". Visitaram a Cruz Vermelha Internacional em Genebra, onde descobriram do nascimento de Anita, depois que já estava com 3 meses de vida. Olga permanecia incomunicável. Desejavam obter permissão também para se corresponder com Olga e mandar mantimentos e roupas, e assegurar sua sobrevivência. Foi necessário o reconhecimento formal no Brasil de Luis Carlos Prestes como pai, para que se reconhece legalmente o direito de Leocádia a guarda da neta. Além do auxílio de diversas pessoas que aceitaram prestar sua solidariedade.

Finalmente, no dia 21 de janeiro de 1938, Anita foi entregue pela Gestapo à avó e a tia na prisão acompanhadas dos advogados. Não tiveram permissão para ver Olga. Saindo dali, passaram horas angustiantes com receio de serem seguidas e a tomarem de volta. Pegaram no mesmo dia um trem para Paris e não se acalmaram até cruzarem a fronteira. Por causa de eminente guerra, elas decidem partir para o México em 13 de outubro de 1938, onde o governo de Lázaro Cárdenas concedia asilo aos perseguidos políticos. Lá recebem o apoio de companheiros que viviam ali. É descrito como um período de dificuldades mas de esperança e esforços para sempre se manterem em contato com amigos e familiares.

Enquanto isso, Olga é transferida da prisão onde estava para o Campo de Concentração de Lichtenburg em Fevereiro de 1938, e depois para o Campo de Concentração de Ravenbrück em 1939. Passando por situações cada vez piores de maus tratos, fome, frio, punições severas. Sempre firme e solidária. Morreria em em uma câmara de gás em abril de 1942 no Campo de Bernburg. Sua avó Leocádia também vem a falecer em 14 de junho de 1943 ainda no exílio por complicações cardíacas.

Anita viaja para o Brasil apenas após 1945 com 9 anos com sua tia, data da redemocratização após o Estado Novo, quando finalmente pode conhecer seu pai. A vida para os comunistas, e para suas filhas pré-adolescentes, nunca seria tranquila. O governo do presidente Dutra os perseguia. Em uma entrevista, Anita contou que a família lhe escondia o fato de que recebia cartas anônimas com ameaças. Temendo que ela fosse sequestrada, o PCB designou dois corpulentos militantes para acompanhá-la em todos os lugares aonde fosse. “Aos 12 anos, eu achava aquilo tão desagradável que decidiram me enviar, isso em 1950, para Moscou para cursar a escola secundária", explicou. Anita ficaria na capital russa até 1957, quando novamente a distensão política do governo de Juscelino Kubitschek tornou segura sua volta.

Olga e Luis Carlos Prestes


JUVENTUDE E DITADURA MILITAR

Mais tarde no Brasil, passa a acompanhar o pai e a militar no Partido Comunista. Completa o curso superior de química industrial, pela Escola Nacional de Química da antiga Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e é aceita como estagiária na Petrobras. Mas, em 1964, o golpe militar provoca a sua demissão. Consegue a graduação em Química Industrial pela UFRJ. Com o pai novamente na clandestinidade e sem emprego, Anita obtém uma bolsa de mestrado que garantiria sua sobrevivência pelos dois anos seguintes. Em 1966, durante o regime militar, obteve o título de mestre em Química Orgânica. No início da década de 50 passou a fazer parte da União da Juventude Comunista e participou de uma greve de estudantes secundaristas.

O sobrenome, no entanto, a impediria de conseguir qualquer emprego. Torna-se, então, militante em tempo integral. Embora nunca tenha sido presa, a repressão política dos regimes militares a fez voltar para o exílio em Moscou, na extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) no início da década de 1970. Ali recebe o título de doutora em economia e filosofia. 

Anita e sua avó Leocádia Prestes

Perseguida pelo regime militar e indiciada por subversão em Agosto de 1972, foi condenada e julgada à revelia, sendo condenada a quatro anos e meio de detenção. Escapou da prisão por haver se exilado, no inicio dos anos 1970, na extinta União Soviética (URSS), onde recebeu o título de doutora em Economia e Filosofia pelo Instituto de Ciências Sociais de Moscou (1975). Quatro anos depois, em setembro de 1979, a Justiça extinguia a punibilidade da sentença que a condenou à prisão, com base na primeira Lei de Anistia no Brasil. Volta ao Brasil e, em 1990, torna-se doutora em história pela Universidade Federal Fluminense. Sua tese é uma ampla análise da Coluna Prestes, baseada em longas entrevistas dadas por seu pai. 

Anita e seu pai Luis Carlos Prestes

APÓS A ANISTIA

Doutora em História pela Universidade Federal Fluminense, título concedido em janeiro de 1990 pela tese acerca da Coluna Prestes, sob orientação de Maria Yedda Linhares, Anita Prestes foi professora de História do Brasil no Departamento de História da UFRJ, cargo conquistado por meio de concurso público em 1992 e do qual se aposentou em 2007. É presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes. Em 2004, recebeu a indenização de R$100 mil pela Lei de Anistia, que doou ao Instituto Nacional de Câncer. E Anita doou, em 2017, o material de mais de 130 fotos do pai para a exposição do Memorial Luiz Carlos Prestes, obra de Oscar Niemeyer, inaugurado naquele ano na cidade de Porto Alegre. Historiadora, professora aposentada da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e militante comunista, desde cedo Anita já sabia qual era o seu papel na sociedade brasileira e isso permanece até os dias de hoje. 



      LIVROS PUBLICADOS

  • Os militares e a Reação Republicana: As Origens do Tenentismo, 1994
  • A Coluna Prestes, 1997
  • Tenentismo pós-30: continuidade ou ruptura?, 1999
  • Da insurreição armada (1935) à "União Nacional" (1938-1945): a virada tática na política do PCB, 2001
  • Luiz Carlos Prestes: patriota, revolucionário, comunista, 2006
  • Luiz Carlos Prestes e a Aliança Nacional Libertadora, 2008
  • Uma epopéia brasileira: a Coluna Prestes, 2009
  • Anos Tormentosos, 2002
  • Os Comunistas Brasileiros" (1945-1956/58) Luiz Carlos Prestes e a Política do PCB, 2010
  • La Columna Prestes (em espanhol), 2011
  • Luiz Carlos Prestes - O combate por um partido revolucionário (1958-1990), 2012
  • Luiz Carlos Prestes - um comunista brasileiro, Boitempo editorial, 2015
  • Olga Benário Prestes - uma comunista nos arquivos da Gestapo, 2017
  • Viver é tomar partido: memórias, 2019


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REFERÊNCIAS

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-anita-prestes-olga-benario-vargas-comunismo.phtml

http://www.mulher500.org.br/anita-leocadia-prestes-1936/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Anita_Leoc%C3%A1dia_Prestes

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Carlos_Prestes

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