Vamos conhecer a história de uma mulher forte, corajosa e determinada, à frente do seu tempo, que arriscou sua vida muitas vezes para salvar pessoas que precisavam de sua ajuda, por entender que isso era o mais justo a fazer. Recebeu o nome de o "Anjo de Hamburgo". Estamos falando de...
Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa nasceu em 5 de dezembro de 1908 em Rio Negro, município do Paraná. Filha de Sidonie Moebius de Carvalho, natural da Alta Saxônia, na Alemanha e de Amadeu Anselmo de Carvalho, um comerciante luso-brasileiro que, mais tarde, seria dono do Grande Hotel de Guarujá, cidade onde a família foi morar quando Aracy ainda era criança.
Em 1930, Aracy casou-se com o alemão Johann Eduard Ludwig Tess com quem teve um filho Eduardo Carvalho Tess. Cinco anos depois, ela decidiu morar com sua tia, Lucy Luttmer, na Alemanha. Um ano depois ela retorna ao Brasil para formalizar o desquite. Em razão de falar quatro idiomas (português, inglês, francês e alemão), conseguiu uma nomeação no consulado brasileiro em Hamburgo, onde passou a ser chefe da Seção de Passaportes.
Em 1938, entrou em vigor, no Brasil, a Circular Secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no país. Aracy ignorou a circular pondo em risco sua própria via e continuou preparando vistos para judeus, permitindo assim a entrada no Brasil. De acordo com as fontes pesquisadas, provavelmente, como despachava com o cônsul geral, ela costumava colocar os vistos entre a papelada para as assinaturas. Para obter a aprovação dos vistos, Aracy deixava de pôr neles a letra "J", que identificava quem era judeu. E como tinha passaporte especial e era liberada de revistas, muitas vezes ela mesma levou no carro muitos judeus para além das fronteiras alemãs e ajudava nos embarques de navios para o Brasil. Dessa forma, Aracy livrou muitos judeus da prisão e do Holocausto.
Na Alemanha, Aracy conheceu o escritor João Guimarães Rosa, naquela época ele era cônsul adjunto. Os dois permaneceram lá até 1942, quando o governo brasileiro rompeu relações diplomáticas com aquele país e passou a apoiar os Aliados da Segunda Guerra Mundial. Seu retorno ao Brasil, porém, não foi tranquilo. Ela e Guimarães Rosa ficaram quatro meses sob custódia do governo alemão, até serem trocados por diplomatas alemães. Aracy e Guimarães Rosa casaram-se no México, por não haver ainda, no Brasil, o divórcio. O livro de Guimarães Rosa "Grande Sertão: Veredas", de 1956, foi dedicado a Aracy. Sua biografia inclui também ajuda a compositores e intelectuais durante o regime militar implantado no Brasil em 1964, entre eles Geraldo Vandré, de cuja tia Aracy era amiga. Ela ficou viúva em 1967 e não se casou novamente.
Aracy foi agraciada pelo governo de Israel com o título de "Justa entre as Nações" pela ajuda que prestou a muitos judeus a entrarem ilegalmente no Brasil durante o governo de Getúlio Vargas. A homenagem de inclusão do nome de Aracy no Jardim dos Justos entre as Nações do Yad Vashem (Museu do Holocausto), em Israel, foi prestada em 8 de julho de 1982. Ela é uma das pessoas homenageadas também no Museu do Holocausto de Washington (EUA). Ficou conhecida por O Anjo de Hamburgo.
Nos seus últimos anos, ela sofria de Mal de Alzheimer e morreu no dia 28 de fevereiro de 2011 em São Paulo, de causas naturais, aos 102 anos. Foi sepultada no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, ao lado de seu marido, no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.
Passaporte para Liberdade é a nova minissérie brasileira co-produzida pela TV Globo, Floresta e a Sony Pictures Television, exibida pela emissora nos especiais de fim de ano, a partir em 20 de dezembro de 2021, comm 8 episódios. Foi inspirada na história de vida de Aracy de Carvalho. Escrita por Mário Teixeira, com colaboração de Rachel Anthony. A direção é de Seani Soares, sob a direção geral e artística de Jayme Monjardim. Conta no elenco com Sophie Charlotte, Rodrigo Lombardi e Tarcísio Filho atuando nos papéis principais. Um dos títulos provisórios foi "Aracy, o Anjo de Hamburgo". A produção começou em fevereiro de 2018, mas precisou ser adiada durante a pandemia.
Pouco conhecida no Brasil, a brasileira Aracy de Carvalho entrou para a história mundial ao arriscar a própria vida para salvar judeus que precisavam escapar do nazismo na Alemanha durante a 2ª Guerra Mundial. Funcionária do Consulado Brasileiro em Hamburgo, sem qualquer proteção ou mesmo imunidade diplomática, ela enfrentou os governos alemão e brasileiro para emitir vistos para que os judeus pudessem imigrar e sobreviver. Foi também em Hamburgo que ela conheceu seu grande amor, o escritor Guimarães Rosa, à época, cônsul-adjunto na cidade.
Segundo os historiadores Fábio Koifman e Rui Afonso, não haveria histórico de registros irregulares de judeus no Brasil nos arquivos do Ministério das Relações Exteriores no período em questão, logo, a versão de que Aracy seria uma "salvadora" não se sustentaria. O fato é que sua história de coragem, ousadia e amor à humanidade rendeu a ela o título de “Justos entre as Nações”, instituído pelo Memorial do Holocausto como reconhecimento aos não judeus que ajudaram a salvar vidas durante a guerra.
DOCUMENTÁRIO
" Esse viver ninguém me tira " de Caco Ciocler
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REFERÊNCIAS
http://dimalice.com.br/wp-content/uploads/2017/10/Aracy.pdf
https://www.dci.com.br/dci-mais/cinema-e-tv/quem-foi-aracy-carvalho-conheca-a-historia-do-anjo-de-hamburgo/211150/amp/
https://www.dci.com.br/dci-mais/cinema-e-tv/quem-foi-aracy-carvalho-conheca-a-historia-do-anjo-de-hamburgo/211150/amp/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Passaporte_para_Liberdade
https://www.uol.com.br/splash/noticias/2021/12/09/coproducao-com-a-sony-passaporte-para-liberdade-estreia-na-tv-globo.htm
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